Secretaria de Estado da Saúde divulga nota sobre tratamento de empresário que morreu de Covid-19 no Piauí
A Secretaria de Estado da
Saúde (Sesapi) informou nesta terça-feira (31), por meio de nota, como foi
feito o tratamento do empresário Oderman Bittencourt, que morreu vítima de
Covid-19. Segundo a Sesapi, após pedido do paciente e liberação por parte do
Ministério da Saúde, ele foi medicado com cloroquina. Mesmo com o uso do
medicamento, ele teve graves complicações e morreu ontem (30) em Teresina,
depois de ser transferido de Parnaíba, litoral do estado.
A Sesapi divulgou nota
depois que áudios circularam nas redes sociais sendo atribuídos ao empresário.
Na mensagem, um homem pede que lhe administrem o medicamento ou ele
"morreria ali". A família do empresário chegou a negar ao G1 que o
áudio fosse dele, mas depois confirmou que a mensagem foi feita por Oderman. A
Sesapi informou na nota que o paciente fez o pedido do medicamento no dia 24 de
março.
Três dias depois, dia 27,
após liberação pelo Ministério da Saúde, a secretaria informou que o
medicamento foi administrado. Mesmo assim, em estado grave, o empresário
faleceu no dia 30. Ele tinha histórico de hipertensão e tinha obesidade.
A Sesapi destacou que o
medicamente tem sido administrado para pacientes em estado grave, conforme
determinação do Ministério da Saúde e que o uso indiscriminado pode ter efeitos
colaterais sérios, incluindo problemas na visão, neurológicos e cardíacos. Veja a íntegra da nota da secretaria:
O
Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela esclarece que o paciente Oderman
Bittencourt foi atendido pela primeira vez na unidade de saúde no sábado
(20/03/2020), mas o mesmo não tinha indicação clínica e nem tinha interesse em
permanecer no ambiente hospitalar. Na tarde de terça-feira (24/03/2020) foi
atendido novamente no hospital, com queixa de falta de ar (dispnéia), porém sem
sinais de gravidade ou instabilidade clínica (pressão, pulsos e oximetria
normais) sendo então internado com todas as medidas clínicas cabíveis aos
pacientes sintomáticos respiratórios com investigação de SRAG. Durante a noite
o paciente apresentou quadro de ansiedade importante e pico hipertensivo
(referindo vontade de utilizar o medicamente cloroquina devido a notas sobre o
mesmo na imprensa) sendo avaliado pela médica plantonista e devidamente
medicado com melhora clínica. Dia 25/03/2020 o paciente foi reavaliado pela
médica assistente que detectou piora do padrão respiratório e solicitou
avaliação do médico intensivista que prontamente admitiu o paciente na UTI do
Hospital com todos os cuidados intensivos necessários, incluindo o uso do
esquema com cloroquina. O uso da medicação para casos de COVID-19 veio a ser
regulamentado pelo Ministério da Saúde através da nota informativa nº5 apenas
em 27/03/2020 aonde é explícito que a indicação deverá ser realizada para
pacientes GRAVES hospitalizados com dados de avaliação muito específicos,
compatíveis com as características do paciente APENAS quando foi admitido em
UTI. É imprescindível esclarecer à população que o trabalho amplamente
difundido sobre o uso da cloroquina apresenta sérias limitações metodológicas
e, segundo a própria ANVISA o uso indevido da cloroquina pode trazer sérias
complicações à população como, por exemplo: distúrbios do sangue e do sistema
linfático, distúrbios do sistema imune, distúrbios de metabolismo e nutrição,
distúrbios psiquiátricos, distúrbios do sistema nervoso, distúrbios oculares, e
até mesmo distúrbios cardíacos que podem resultar em insuficiência cardíaca e
em alguns casos podem ser fatais.
Fonte G1 PI

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